quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Medo


O medo pode ser a raiz de muitos problemas e conflitos que se carrega, ele está sempre escondido, pois nem sempre se mostra como tal. Existem medos de vários tipos, mas é necessário que entendamos primeiro o que ele é. Ele é o desconhecimento da verdade. É pavor, aflição, desassossego. O medo acontece quando as nossas fantasias nos parecem reais.

É na infância que aprendemos sobre o medo. Como lidar com ele, como camuflá-lo, como funcionar debaixo da pressão que ele exerce como fugir dele. Mas tivemos uma péssima educação com respeito ao erro e não aceitamos que possamos nos equivocar e cometer erros, pois, se soubéssemos fazer tudo, se fossemos perfeitos, não estaríamos aqui, já não seriamos homens. É da natureza humana não saber, se equivocar e errar, posto que estejam na vida para aprender, e para isso é necessário provar, corrigir e tentar novamente. Desde criança somos submetidos a uma má educação frente ao erro. Quando nos equivocamos, a correção não é adequada e não nos permite superar o erro e sermos melhores; então começamos a ter medo da correção. E mais, existem pessoas que não se animam a dizer ou fazer o que pensam e esmorecem porque têm medo de errar. Mas como nos ensinam Bandler e Grinder, "não existe o fracasso. O que existem são experiências vividas". Essas experiências podem ser positivas ou dolorosas, agradáveis ou desagradáveis, porém todas deixarão um ensinamento. O conhecimento não surge como num passe de mágica, ninguém dorme sal e acorda açúcar. É necessário praticar varias vezes até conseguirmos compreender e aprender, porque não existem soluções definitivas e eternas.

São poucos os que realmente tentam compreender o número de mascaras e disfarces usados pelo medo. Muitas vezes queremos fórmulas mágicas e consideramos que, com essa formula, poderemos resolver tudo, então cremos que conhecemos. Porém este modo de pensar e agir continua sendo um erro. É preciso ter cuidado, pois o que muitas vezes chamamos de “prudência”, ao protelar decisões, não passam de medo – medo do fracasso e do sucesso misturados numa só coisa. Depois de varias experiências, descobri que quando eu exclamava indignada, “Olha só o que fizeram comigo!”, na verdade estava sentindo medo. 

Se tivéssemos outra filosofia frente àquilo que não fazemos bem ou não entendemos, isso nos ensinaria que, quando fazemos algo que não fica bom, devemos corrigi-lo e da próxima vez certamente sairá melhor. Justamente pelo fato de termos caído muitas vezes e termos errado muitas vezes é que hoje caminhamos e até corremos. Então, por que temos medo de errar se isso faz parte do processo da vida? Ele faz parte do processo de aprendizagem daquilo que não sabemos. Por isso, não há melhor receita contra o medo do que fazer as coisas. Não existe outra forma de superá-lo.

O medo tem tantos disfarces inteligentes, que é quase impossível reconhecê-lo a todo instante. Ninguém pode dominar um inimigo que não conhece! Muitas vezes eu não sabia que estava com medo. Nas situações em que eu sabia estar com medo, tive medo de admiti-lo. Em vez disso, elaborei muitas formas criativas para não fazer aquilo que eu temia. Resultado: o medo me dominou. Passou a ditar meus movimentos e reações a qualquer situação. O medo se disfarçou naquilo que eu dizia que não podia fazer,  naquilo que eu dizia não possuir, que afirmava não ter tempo para realizar e nas coisas que achava que os outros não me deixavam fazer. Eu já travesti o medo da necessidade de estar num outro lugar fazendo alguma outra coisa, sem saber como fazer essa outra coisa, sem precisar fazer nada.

Aqueles que esperam o medo passar para só então agir, jamais o farão, porque o medo nunca vai desaparecer, sempre vai estar presente. A diferença é que vamos dominá-lo e vamos passar por cima dele. Será como um trampolim. É normal que, como seres humanos, tenhamos medo do que não conhecemos. O anormal é perigoso é que o temor nos paralise. Cada manhã, durante a minha caminhada, eu passo por uma variedade de árvores dentre elas umas bem jovens que quando o vento sopra mais forte, parecem, às vezes, que vão quebrar. Mas não quebram. Dobram-se com o vento, mas permanecem ancoradas. O medo é uma reação comum aos ventos fortes que sopram em nossas vidas. Precisamos aprender a nos dobrar e acreditar que não vamos quebrar. Precisamos nos segurar ao que sabemos sobre a nossa capacidade de resistir à tempestade, e nessas horas a fé aliada a prática também ajuda. Precisamos reconhecer quando estamos com medo, para então o desmantelarmos.

Ao invés de perder tempo e energia fugindo das coisas que teme, desenvolva a coragem necessária para superá-las. O medo, por outro lado, é um instrumento do ego, que nos faz acreditar que somos seres independentes de Deus, independentes uns dos outros e, em geral inferiores e inadequados. Pense nisso. Quando nos pedem que façamos algo que não nos achamos dignos ou capazes de fazer, não é o medo a primeira emoção que sentimos? Medo do abandono, medo do ridículo, da desvalorização, da humilhação. Medo que alguém deixe de nos amar. Como não queremos nos sentir assim, negamos o que sentimos. “Não estou com medo, estou muito ocupado”; “Não estou com medo, só não quero assumir nenhum relacionamento sério agora no momento”; “Não estou com medo, estou sem um tostão furado”. Aprenda a reconhecer e aceitar os sinais e sintomas do medo quando ele se aproxima. Quando você aprender a reconhecer que o medo está sentado, esperando ser alimentado, poderá matá-lo de fome.




Da próxima vez em que seu estomago der cambalhotas de tanto medo, não negue, fingindo que está tudo bem. Sussurre bem baixinho: “Conheço você, medo, e sei exatamente o que quer. Mas hoje eu não estou com vontade de lidar com você. Abrace este medo que está batendo os talheres à sua mesa e diga: “Oi medo! Aí está você de novo! Eu sinto muito, mas não posso alimentá-lo hoje!”“. No instante em que você se der conta de que está sob o poder do medo, não tente escapar. Relaxe! Diga a verdade, aceite sua presença. Respire fundo algumas vezes. O medo odeia a luz da verdade. Sempre que você afirmar a verdade, o medo sairá correndo. Mas se você insistir em dizer que não está com medo, quando sabe que está, o medo, a forma mais vil de vida, enterrará seus dentes em você e nunca mais irá embora. Ele te conhece desde criança. Lembra quando você tinha medo do armário, da sombra das roupas ou de colocar o pé no vão entre a cama e o chão? Pois é, na verdade você precisa acalmar esta criança que está com medo dentro de você, segurar sua mão ou colocá-la no colo, sempre mostrando a ela que agora que você cresceu, ela, a sua criança interior estará sempre segura e protegida.


E por que, à medida que vai passando o tempo, os equívocos e fracassos vão deixando frustrações? Porque essas frustrações são fruto de ações das quais não soubemos extrair nenhum ensinamento.

É necessário revisar aquelas experiências que ainda consideramos errôneas para encontrar o ensinamento que guardam e eliminam os sentimentos e pensamentos negativos que naquele momento elas engendraram. A ação generosa é a água mais pura e cristalina que nos permitirá purificar e clarificar nosso mundo interior.

O que significa abrir nossas janelas para que entre ar em nosso interior? Todos nós temos idéias fixas, experiências que nos tornaram inflexíveis e fechados, preconceitos que nos tornaram rígidos frente à vida. Isso acontece porque na nossa mente falta ar, falta espaço; por isso é necessário ampliá-la. O conhecimento amplia nossa mente e abre-a para novas dimensões.

Novos ensinamentos, novos conceitos, novas aprendizagens não significam novas experiências sensoriais, porque isso nos prende novamente no efêmero. Não significa, por exemplo, realizar uma viagem no fim de semana para ver algo novo, para se distrair, porque, ao regressarmos, nos encontraremos com os mesmos pensamentos de sempre, com as idéias rotineiras de sempre, porque o que estamos utilizando como solução é superficial. É necessário que tomemos contato com ensinamentos mais profundos para entender os processos da vida e ampliar nossos horizontes interiores.

A Vontade é outro elemento de combate ao medo. Todos nós temos que recorrer à nossa vontade, porque não poderemos mudar nada, e nada poderá nos limpar se não colocarmos nossa grande força de vontade, este é o grande poder do ser humano.

O ser humano tem dois grandes poderes: a inteligência - a capacidade de discernimento, de saber o que fazer, quando e como fazer - e a vontade, que o leva a fazer. De que serve saber o que fazer se não tenho a força para colocá-lo em prática? E de que serve ter força para fazer algo se não sei o que fazer? Portanto é preciso concatenar as coisas. É preciso saber o que fazer, saber como fazer e ter a vontade para fazer.

Muitas vezes afirmamos que temos força de vontade, porém quantas vezes começamos projetos e planos e os deixamos de lado sem terminá-los? Porque nos falta CONSTANCIA, essa grande virtude que, como todas as virtudes, também podem ser cultivadas e enriquecidas. Às vezes, ficamos esperando que os valores e as virtudes venham até nós como que por um passe de mágica, quando na verdade eles são o fruto de um ensinamento que passa a ser um treinamento e se desenvolve com a pratica constante.

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